fevereiro 23, 2017 | Nenhum Comentário |
Cerca de 100 representantes de diferentes municípios mineiros participaram ontem, 22/02/2017, do workshop – Custos e Benefícios da Coleta Seletiva Solidária. O encontro, que aconteceu no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), teve o objetivo de apresentar uma ferramenta de registro de custos e análise dos benefícios da realização da coleta seletiva no sistema de gestão municipal de resíduos sólidos urbanos.
A diretora executiva do CMRR, Jacqueline Rutkowski, deu boas vindas aos participantes e falou um pouco sobre o trabalho realizado pelo CMRR, em parceria com o Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária (ORIS) e os demais parceiros, e também passou informações sobre a gestão dos resíduos no estado de Minas Gerais. Segundo estudos apresentados pela Diretora, cerca de 80% dos resíduos encaminhados para os aterros sanitários do estado podem ser reaproveitados e/ou recicláveis.
“A coleta seletiva e a reciclagem dos resíduos sólidos são complementares. E acreditamos na eficiência da Coleta Seletiva Solidária. Os catadores de materiais recicláveis são responsáveis por 90% de todo o material reciclável que chega até a cadeia da reciclagem”, disse Jacqueline, que também é membro do ORIS.
O Presidente do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA), e também membro do ORIS, Luciano Marcos, falou sobre a importância do encontro e de desenvolver ferramentas que contribuem para o avanço da coleta seletiva. “Esse time que está reunido aqui hoje é formado por pessoas que buscam o fortalecimento da reciclagem com a participação efetiva dos catadores. A gestão de resíduos só funciona quando é feita coletivamente, envolvendo todos os atores envolvidos”, ressaltou Luciano.
O catador Gilberto Chagas agradeceu, em nome do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), pelo interesse de todos que estavam presentes. O catador destacou a relevância da Coleta Seletiva Solidária e como esta tecnologia agrega avanços nos âmbitos ambiental, social e econômico.
A Ferramenta
A Coordenadora do Laboratório Fluxus, vinculado à Unicamp, Emília Vanda Rutkowski, foi a responsável por apresentar a ferramenta para os participantes do encontro.
Apresentada como SoCo, abreviação de Solidary Collection, a ferramenta foi desenvolvida em uma parceria entre a Universidade de Campinas- UNICAMP/FEC/FLUXUS, o INSEA – Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável, o Instituto SUSTENTAR Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Sustentabilidade e o Grupo de Economia Circular e Recuperação de Recursos da Universidade de Leeds, da Inglaterra, que é reconhecida como uma das 100 melhores universidades do mundo. A ferramenta foi estruturada em um ano de pesquisa.
A professora Emília mostrou como funciona a SoCo, que é uma ferramenta feita para agrupar as principais informações da gestão dos resíduos sólidos do município e todos os seus atores envolvidos. “Podemos destacar a necessidade de identificar o fluxo, a geração dos resíduos, a composição deste e os atores que fazem a movimentação do material”, ressaltou.
“A ferramenta toma o cuidado de analisar todo o sistema integrado da gestão de resíduos sólidos levando em consideração o papel relevante que o catador de materiais recicláveis desenvolve. Temos a certeza da existência de vários agentes, e não é porque nós privilegiamos melhorar as condições de trabalho dos catadores que a gente vai negar a existência das outras alternativas”, disse Emília.
Benefícios Sociais
Com o uso da ferramenta e a escolha pela aplicação da coleta seletiva solidária, o município gera empregos aumentando a renda de famílias que atuam com a catação. A SoCo leva em consideração a importância da saúde ocupacional, levantando questões como:
Benefícios Ambientais
O meio ambiente, principalmente dos grandes centros urbanos, precisa de um olhar mais cuidadoso com certa urgência, por tanto uma ferramenta de gestão de resíduos não pode ser desenvolvida sem levar em consideração esta necessidade.
A SoCo contribui na análise das métricas locais de poluição ambiental:
Benefícios Econômicos
Outro benefício apresentado é o econômico. É possível fazer uma análise de gastos, custos trabalhistas, treinamento e formação continuada, equipamento, veículos, custos variáveis e fixos, apoio social, taxa por serviços prestados, venda de material, materiais em estoque, prêmios e contribuições.
Após apresentar todas as possibilidades que a ferramenta dispõe, as possibilidades e os benefícios sociais, ambientais e econômicos que podem ser apontados graças à organização e análise de dados, os participantes puderam opinar e apontar questões que podem ser somadas à ferramenta visando melhor o potencial de análise levando em consideração as particularidades de cada município.
No próximo mês uma oficina semelhante a esta será realizada na cidade de Campinas. O objetivo é afinar o software de tal forma que possa ser avaliado para que futuramente seja disponibilizado gratuitamente online para o uso dos gestores públicos buscando a implantação e ampliação da coleta seletiva solidária em todo o país.
A dedicação e empenho dessas instituições, tornaram possíveis a produção e continuidade dos projetos desenvolvidos pelo INSEA.