O óleo de cozinha é um forte inimigo do meio ambiente. Um litro de óleo descartado incorretamente pelo ralo da cozinha é capaz de contaminar 1 milhão de litros d’água. Com o objetivo de dar um encaminhamento adequado para esse material, tão poluente e agregar renda ao trabalho dos catadores de materiais recicláveis, as redes formadas por organizações de catadores de Minas Gerais se reuniram nesta segunda-feira, 23/05/2016, para conhecer e discutir sobre uma nova frente de trabalho.
Uma boa alternativa encontrada para a reutilização do Óleo e Gorduras Residuais (OGR) é a utilização deste resíduo no processo de transformação em Biodiesel. Com essa perspectiva, os catadores se reuniram com um representante da Petrobras para estudar, com base no compromisso que a empresa está oferendo para a compra do OGR recolhido pelos catadores, uma nova frente de trabalho que se apresenta muito promissora em todo o país.
Atualmente a Petrobras tem compromisso firmado, de compra do OGR, em dois estados brasileiros, Ceará e Bahia. Durante o encontro das Redes de Minas Gerais foram apresentadas essas experiências que já estão em andamento. A catadora da Rede de Catadores de Materiais Recicláveis e Resíduos Sólidos do Estado do Ceará, Charliany Morais, falou sobre a experiência que vem sendo desenvolvida em seu estado desde 2010.
Segundo a catadora, foi um importante avanço para os trabalhadores do Ceará. Atualmente é comercializada uma média de 22 toneladas de OGR por mês. Os catadores recolhem o óleo nos grandes geradores, em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, e levam para as associações, onde já começam o processo de refinamento do resíduo. Todo o processo é feito de acordo com as normas ambientais exigidas pelo Estado e o padrão de qualidade é acompanhado pela Petrobras.
“É um orgulho pra mim vir aqui em Minas Gerais compartilhar essa experiência com os catadores mineiros. Lá no Ceará começamos a nos organizar depois de uma visita do Luiz Henrique e do Gilberto, catadores daqui de Minas Gerais, que levaram a experiência de organização da ASMARE. E agora surgiu essa oportunidade de realizar essa troca de experiência entre as redes. Acho que o trabalho com o OGR vai ser muito importante para os catadores de Minas Gerais, que vão poder começar um projeto tendo um outro como base, o que facilita e elimina alguns erros iniciais”, ressaltou Charliany.
O Coordenador de Desenvolvimento Agrícola da Petrobras, Guilherme Romeiro, que participou do encontro, falou sobre a importância do biodiesel como combustível que contribui para a preservação ambiental e do projeto desenvolvido pela Petrobras junto aos catadores do Ceará e Bahia. O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel vem atuando na inclusão social e no desenvolvimento regional, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. “Existe uma oportunidade, tanto para os catadores, agregando valores na renda mensal, quanto para a Petrobras, enquanto empresa. Sem falar do meio ambiente que sai ganhando, levando em consideração que esse óleo geralmente vai para o solo, contaminando a água e o próprio solo. Então a proposta é gerar combustível com esse resíduo”, disse.
O Engenheiro Ambiental, Diogo Tunes, e o Consultor de Negócios, Júlio Máximo, ambos representantes do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA), apresentaram para os catadores um esboço de projeto, desenvolvido por Redes, para a coleta e comercialização do OGR. Os especialistas levaram em consideração o projeto piloto aplicado no Ceará e trouxeram para a realidade de cada empreendimento.
No projeto foram levadas em consideração as estruturas de cada rede e seu potencial de produção. Os catadores tiveram conhecimento dos números levando em conta duas possíveis realidade, uma trabalhando com o potencial máximo e outra com o mínimo de produção.
No final do encontro os representantes de cada rede falaram sobre as possíveis facilidades e desafios para a aplicação do projeto de coleta e tratamento de OGR. Por fim todos os presentes avaliaram o estudo como promissor e vão levar a iniciativa para tratar junto aos demais membros das redes. O encontro foi realizado no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR-MG).
A dedicação e empenho dessas instituições, tornaram possíveis a produção e continuidade dos projetos desenvolvidos pelo INSEA.