junho 3, 2013 Nenhum Comentário

UNICAMP: SÓ 3 % DO LIXO É RECICLADO

Prefeituras retiram do lixo cerca de 3% do que é reciclado no país

As prefeituras conseguem retirar do lixo cerca de 3% do que é reciclado no país hoje, que corresponde atualmente a 12% dos resíduos sólidos. Essa diferença de 3% para 12% se deve ao trabalho dos catadores fundamentalmente. “Essa tecnologia desenvolvida por eles precisa ser respeitada e difundida”, defendeu a engenheira Jacqueline Elisabeth Rutkovski (FOTO), durante o I Seminário: Resíduos Sólidos e Sustentabilidade, realizado no Centro de Convenções da Unicamp nesta terça-feira (28).

Jacqueline é consultora e vem atuando em pesquisas e em assessorias a grandes instituições que desejam trabalhar a reciclagem dentro de suas políticas de sustentabilidade. Recentemente, ela fez um trabalho nacional para o Banco do Brasil, dentro de uma política de estratégia de desenvolvimento regional sustentável do Banco nas cidades da Copa.

A engenheira tem uma larga experiência na área de tecnologia social da reciclagem inclusiva e solidária. Por conta disso, garante que hoje o Brasil tem um modelo muito eficaz e que atinge valores e patamares importantes de reciclagem de vários resíduos sólidos, maiores do que muitos países do mundo, e isso sem ter oficialmente um programa nas prefeituras.

Esse modelo é uma realidade graças à capacidade que o povo teve de desenvolver uma tecnologia social, justifica a convidada. “O que reivindicamos é que nós precisamos reconhecer essa tecnologia como uma tecnologia eficaz e precisamos resolver os gargalos que ela ainda tem, porque de fato ela ainda tem alguns”, sinalizou Jacqueline.

Segundo ela, as tecnologias sociais são as ferramentas criadas não a partir de uma teoria e sim a partir de uma necessidade: principalmente de saberes práticos que, muitas vezes, até recorrem à teoria, porém fundamentalmente são feitos pela comunidade. É o caso da tecnologia de reciclagem solidária, que foi inventada pelos catadores. “Eles é que começaram a retirar do lixo aquilo que tinha valor – tirar ‘ouro’ do lixo”, resgatou a engenheira.
Seminário A Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) da Unicamp criou, há pouco, o Momento CAC Vira & Volta, um espaço dirigido a promover discussões sobre a tecnologia social de inclusão solidária dos catadores de materiais recicláveis nos processos de gestão de resíduos sólidos da região de Campinas.

Emília Rutkowski, como coordenadora de assuntos comunitários, diz que junto com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), subseção Campinas, foi resgatado o Fórum Lixo & Cidadania da Região Metropolitana de Campinas (RMC), que já está envolvendo hoje quase dez instituições do entorno de Campinas.

Por que isso? A política nacional de resíduos sólidos coloca um novo paradigma para a sociedade brasileira. É a primeira política planetária que diz que a prioridade é a não geração de resíduos. “Assim, a sociedade vai ter que pensar de outra forma como é que ela deve lidar com o seu cotidiano, porque o que está embutido na política é o consumo responsável”, mencionou Emília.

De acordo com a coordenadora do CAC, o consumo responsável começa com a primeira perspectiva que a política traz – a não geração, depois vem a reutilização e a reciclagem. A última questão seria a deposição em aterros adequados. Emília contou que Campinas hoje vive um momento em que grande parte do lixo vai para o aterro. A cidade possui o Aterro Delta, localizado depois da Avenida John Boyd Dunlop, próximo à rodovia Bandeirantes. Este aterro é um dos maiores do Estado.

O Seminário, apontou a engenheira, tenta formar um espaço de diálogo com a academia. “Temos que movimentar os corações e as mentes para pensar propostas de produção de novas tecnologias para de fato fazermos a inclusão solidária e ambiental de todos os catadores de materiais recicláveis, que é uma profissão reconhecida pelo CBO”, reafirma Emília, empregando parte da fala de Jacqueline, que conduziu a primeira palestra do dia.

Essa proposta de coleta seletiva na região está no meio do caminho, pondera ela. “Há situações em que já aconteceu e há situações em que está muito longe de acontecer. Cada lugar é um lugar e cada situação é diferente. Apesar disso, temos que fazer com que tudo caminhe para o rio caudaloso, imaginando que tudo vai acontecer naturalmente”, almeja.

A segunda palestra do Seminário foi ministrada pela engenheira Kátia Tavares Campos. Foi ela quem organizou nacionalmente, a partir da Unicef, o Fórum Lixo & Cidadania no Brasil, na década de 1990. Também atuou na campanha Criança no Lixo Nunca Mais, que teve grande repercussão no país. Tal iniciativa fez com que fossem retiradas, em dez anos de trabalho, todas as crianças (filhas e netas) de cima dos lixões brasileiro, para voltar para dentro das salas de aula. Jacqueline é a autora do primeiro texto nacional sobre tecnologia social.

Jacqueline e Kátia estão trabalhando no front da discussão envolvendo a produção e a infraestrutura. “Não se trata de uma discussão de assistência social, mas uma discussão em que se deve reconhecer que há profissionais trabalhando em condições inóspitas”, alerta Emília.

O evento teve como alvo um público que trabalha com a questão dos resíduos, como o Ministério Público, empresários, estudantes e docentes da Universidade, ONGs e as incubadoras tecnológicas de cooperativas populares, entre outros participantes.

 

Fonte: Texto – Isabel Gardenal,  Imagens- Antoninho Perri e  Edição de Imagens – Diana Melo

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