COPA DO MUNDO E O DIREITO DA MULHER EM DEBATE

COPA DO MUNDO BRASIL: DIREITOS DAS MULHERES É TEMA DE DEBATE NA ÁUSTRIA

Dado o pontapé inicial do evento esportivo mais espetacular do mundo do futebol, a Copa do Mundo no Brasil, muitas expectativas e emoções que vão muito além dos interesses esportivos estão na pauta dos debates da plataforma temática “Nosso Jogo”, que acontece durante toda esta semana em Viena na Áustria. “A Fifa, que beneficia o máximo deste evento age de uma maneira muito anti-desportiva no país anfitrião, ao exigir a garantia da construção de toda a infra-estrutura, segurança e controle de tráfego, não tem os direitos humanos como parte desta agenda”, destaca Christine Esterbauer, porta-voz do “Nosso Jogo “.

Leila Regina da Silva (no centro da foto), técnica e ativista social do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA), em Belo Horizonte, participou de uma audiência, no dia 11 de junho, com a ministra da Educação e da Mulher Gabriele Heinisch-Hosek, relatando sobre a realidade brasileira. A ministra também expôs suas preocupações e partilhou as ações que o governo austríaco desenvolve nesta temática. Este tema também foi pauta de uma coletiva de imprensa. Para Leila Regina, que acompanha o processo de organização política da Copa do Mundo, “as mulheres estão expostas a um risco particularmente elevado, muitas estão em trabalhos mal pagos e são exploradas sexualmente. Esta exploração é também devido ao fato de que no exterior as mulheres brasileiras são comercializadas como uma atração turística”. Ela também destaca que as remoções forçadas destroem os espaços sociais e as relações de longa data: “As mulheres são as mais afetadas com os despejos para as obras da Copa do Mundo e com as mudanças nas áreas urbanas. São elas que promovem a interação social nas comunidades, as relações com amigos, se alternam com vizinhos em creche de, de modo que cada uma tem a oportunidade de ir para o trabalho. As remoções provocam grandes rupturas sociais e desorganizam a vida das pessoas,” afirma Leila.

Nosso Jogo salienta os valores positivos do futebol como um esporte que abole as fronteiras culturais, sociais, sexuais e linguísticas. A fim de funcionar, este jogo precisa de certas regras e condições, como por exemplo, a justiça global para todos os participantes, incluindo também aqueles fora do campo, ou seja, aquelas pessoas que constroem os estádios, os moradores das cidades-sede e também os produtores do vestuário e das bolas no outro lado do mundo. Futebol pode também ter um caráter político e emancipador, o que o exemplo do Brasil nos faz entender. O Brasil não só pode aparecer como nação entusiasmada com o futebol, mas também como um país de importância econômica e política, que sabe sediar um evento tão grande como a Copa. Sendo a sétima maior economia mundial, o Brasil se tornou indispensável de processos decisivos globais e também a nível nacional muito tem sido feito para combater a pobreza, destacam os organizadores do evento.

Luciano Marcos – Diretor do Insea.

Fonte: Christine Esterbauer, porta-voz do “Nosso Jogo”.